sexta-feira, 7 de março de 2008

Crepusculo de Agosto


Para a minha filha
Dos amigos que perdi não falo.
Sei que estamos em agosto,
mês dos remos escaldantes,
sei que há lodo sob as algas,
sob a pele. Oblíqua,
sei também, a sombra
cai sobre as oliveiras.
É tempo de içares tuas velas,
teus ergueres
teus guindastes
junto ao rio.
Disponíveis estão as luzes;
preparadas,
ermas estão as águas.

Preciso de arrumar a casa, rever o sistema,
brunir os móveis e o tato.
Preciso de opor o tempo ao tempo.
O espaço ao espaço.


(Prof. Albano Martins - Escritor português, natural do Telhado. Fez estudos secundários em Castelo Branco e Santarém. Em 1957, licenciou-se em Filologia Clássica, em Lisboa.
Em 1980, ingressou nos quadros da Inspecção-Geral de Ensino e em 1993, passou à situação de aposentado.
Actualmente, é professor na Universidade Fernando Pessoa, do Porto)

Sem comentários: